terça-feira, 5 de setembro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ


LANÇAMENTO DO LIVRO "O BAÚ DA GAIATICE"

Há 18 anos (maio de 1999) fizemos o lançamento do livro O BAÚ DA GAIATICE no Pirata Bar da Praia de Iracema, com show do humorista Hiran Delmar e presença maciça dos amigos. O livro já está na terceira edição, totalizando uma tiragem de 5 mil exemplares. O lançamento da primeira edição foi destaque na imprensa. Tivemos matérias de página inteira em alguns jornais, dentre os quais O POVO, Diário do Nordeste, O Estado, Tribuna do Ceará e o tablóide HOJE, que fazia muito sucesso na época.


ARIEVALDO E A ARTE DE FAZER RIR


BLANCHARD GIRÃO 
 jornalista e escritor


Se alguns resquícios etílicos ainda me afetavam o fígado, foram definitivamente curados. Tudo por conta do "Baú da Gaiatice", de Arievaldo Viana, que lí de uma tirada só no último fim-de-semana. Ri a bandeiras despregadas com os "causos" colhidos no filão riquíssimo da cultura popular em suas diversas vertentes, a sertaneja, em primeiro lugar, a suburbana e a anedótica nascida nos meios mais intelectualizados.
Tudo seria vulgar não fosse a capacidade própria de Arievaldo no saber contar, dando a cada estória o seu toque pessoal, a sua graça de humorista.
Nesta coletânea, enriquecida pelo traço irreverente de Klévisson (irmão do autor) e a colaboração valiosa de Pedro Paulo Paulino, Tarcísio Matos, Sílvio Roberto Santos e Jota Batista, deparamo-nos com autênticas jóias do humor, capazes de fazer inveja a um Quintino Cunha, a Emílio de Menezes ou a essa turma que, outrora no Pasquim, hoje empolga o País pelas páginas do novo sucesso editorial brasileiro, a revista "Bundas".
Personagens marcantes, como esse incrível Broca da Silveira, Tia Santana, Miguel Carpina, Zé Freire e muitos outros, joeirados pelo autor e seus colaboradores nas conversas de bodegas do interior e da periferia da cidade grande, colocam-nos diante de estórias hilariantes, reunindo o jocoso, o irônico, o espontâneo e o absurdo que se encontram sob a aparência geralmente rude do homem comum.
"O Baú da Gaiatice" tem o sabor de um cinema-mudo chapliniano, embora sem quaisquer pretensões estéticas. É a pedra preciosa em seu estado de pureza, ligeiramente lapidada pelo talento de quem a reapresenta. Momentos de autêntico estudo da psicologia da alma ingênua do povo, que nem todos têm a competência de perceber e revelar na plenitude de sua beleza.
Em "Sabugo Reciclável", "As Naftalinas", "A Festa do Zuca" ou em "Um Jegue que me Carregue"- para lembrar apenas algumas das estórias singelas que Arievaldo cascalhou no manancial inesgotável da alma da rua  está o melhor do humor cearense dos dias presentes. E olhe que humor é o forte dessa gente que, com Chico Anysio, Falcão, Renato Aragão e muitos outros, tem conseguido provocar a alegria desse Brasil tão amargo do momento. 
Vale a pena adquirir e ler "O Baú da Gaiatice", com apenas 134 páginas, abrigando um fantástico universo de "causos" capazes de levar às gargalhadas o mais circunspecto dos homens.


(Artigo publicado no jornal O ESTADO, em junho de 1999)

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