terça-feira, 25 de abril de 2017

RECUERDOS DA BIENAL

Algumas imagens marcantes do Espaço do Cordel, na XII BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ (2017)


















domingo, 23 de abril de 2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

GONZAGA VIEIRA


HOMENAGEM AO POETA


Se estivesse entre nós, meu parceiro e amigo José Maria GONZAGA VIEIRA estaria completando hoje 71 anos de idade. Conheci o Gonzaga em 1980, no Salão Arte Canindeense, que funcionava nas imediações do zoológico de Canindé. Fizemos muita coisa em parceria... Escrevemos mais de 20 cordéis, dentre os quais: "O massacre do jumento nordestino", "Um dia de eleição no país da bicharada", "As peripécias da Vaqueira Rozadina", "A lida de Conrado e a honradez sertaneja", dentre outros. Editamos, no final da década de 1980 um fanzine chamado TRAMELA, com tiragem de, aproximadamente, 500 exemplares mensais. Atuamos juntos nas rádios Jornal de Canindé AM e São Francisco AM, participamos de feiras e palestras sobre cordel e, um ano antes de sua morte, gravei o seu depoimento para o IPHAN... Mais de uma hora em áudio e vídeo falando da sua atuação como poeta popular e folheteiro. VIVA GONZAGA VIEIRA!!! (Arievaldo Vianna, 20/09/2017)


ENCANTOU-SE O POETA GONZAGA DE CANINDÉ

Faleceu na madrugada do último domingo (16/04), no Hospital Regional São Francisco de Canindé, vítima de úlcera no estomago, o Cordelista José Maria Gonzaga Vieira (Gonzaga Vieira), 70 anos, nascido aos 20 de setembro de 1946. Conheci Gonzaga em 1980, no Salão Arte Canindeense, que funcionava próximo ao Convento Santo Antônio, em Canindé. Era um artista talentoso e possuía uma visão crítica do mundo, embora fosse de uma humildade franciscana.
O corpo do poeta Gonzaga de Canindé foi velado na sede da Associação da Cultura de Canindé, ao lado da Policlínica, na Av. Francisco Cordeiro Campos, no bairro do Monte. Juntamente com seu primo Lisboa e outros artistas canindeenses, lutava pela criação de uma entidade para congregar os artista de sua terra, sendo que as primeiras tentativas foram o Salão Arte Canindeense e depois a PROARTCA - Projeção Artística Canindeense, que infelizmente nunca se consolidou. Mais tarde, esse mesmo grupo fundaria a Associação de Artesãos de Canindé, que existe até os dias de hoje.
José Maria Gonzaga Vieira era artesão, radialista, cordelista, escritor, poeta popular e representante regional da Associação Cearense de Jornalistas do Interior ACEJI. Seus trabalhos mais conhecidos como cordelista eram O ABC do Consumidor, Assim era São Francisco, Canindé da Lenda à Realidade, Peripécias da Vaqueira Rozadina, A lida de Conrado ou a honradez sertaneja e História de Aparecida, a Menina Perdida nas Matas do Amazonas. Muitas dessas obras foram publicadas pela Tupynanquim Editora, do poeta e editor Klévisson Viana.
De acordo com pessoas mais próximas a Gonzaga, ele vinha lutando contra uma enfermidade na próstata, inclusive já estava com uma cirurgia marcada para ser realizada nas próximas semanas em Fortaleza; porém, não foi esse o motivo de sua morte; de acordo com levantamentos feitos junto aos parentes de Gonzaga, ele passou mal na última sexta-feira (14), sendo socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento UPA 24 Horas e depois encaminhado ao Hospital São Francisco, onde veio a falecer por volta das 4 horas da madrugada deste domingo (16), e de acordo com laudo médico, vítima de complicações em úlcera no estômago, a qual já se encontrava em estágio bastante avançado.
Segundo informações do PORTAL CANINDÉ, o sepultamento de Gonzaga Vieira aconteceu no Cemitério São Miguel, em Canindé,  às 16 horas deste domingo (16).


ESTROFES INÉDITAS DO POETA

Uma velha Sacripanta
Dessas que na vida jura
Com cara de tanajura
Disse assim: - Taí a janta!
Mas... ué, porque te espanta?
Eu disse: - É só isso, é?
Da vida perdendo a fé
Eu comi o tal bocado
Que me fora preparado
Pela dianga Lucifé.

Sempre tive muito medo
Do bote da “saramanta”
E da velha sacripanta
Que jamais guarda segredo
Quando começa o enredo
Atazanando um parente
O diabo saia da frente
Pois com ela ninguém pode
Reza orações de Frei Bode
Pra não quebrar a corrente.

E por artes dos pecados
Essa velha é minha tia
Aborrece a freguesia
Oferecendo bordados
Tem muitos cobres guardados
Porém não gasta um vintém
Nunca deu nada a ninguém
Vive de casa pra igreja
É grande a sua peleja
Depois que aborrece alguém.

A minha tia é prisunha
E além disso é carola
Sua janta é mariola
Com um refresco de unha
O credo a velha rascunha
Enquanto assiste a novela
E acende mais uma vela
À Maria Imaculada
Pedindo ser isentada
Dessa sua parentela.

Por incrível que pareça
Quer se passar por santinha
Rezando na camarinha
Com um pano na cabeça
Domingo, segunda e terça
Desaba para o convento
Reza orações de São Bento
São Francisco e Santo Antônio
Pra se livrar do demônio

Que chegou num pé de vento.

(...)


RESUMO BIOGRÁFICO DO POETA

GONZAGA VIEIRA 
(Gonzaga de Canindé)

José Maria Gonzaga Vieira nasceu em Canindé no dia 20 de setembro de 1946. Autodidata, milita na imprensa escrita e falada. Pertence à Associação de Arte e Cultura de Canindé. É correspondente de vários grêmios culturais de Fortaleza, Natal, Campina Grande e Brasília. É autor de quase duas dezenas de folhetos rimados, com destaque para “A HISTÓRIA DE APARECIDA, A MENINA PERDIDA NAS MATAS DO AMAZONAS”.  Participa do projeto “Acorda Cordel na Sala de Aula”, criado pelo poeta Arievaldo Viana e implantado em Canindé, em parceria com a Secretaria de Educação do Município.
Começou escrevendo folhetos de oito páginas, principalmente no gênero ABC, tendo publicado O ABC DO MOBRAL, dos “TUBARÕES”, do “CONSUMIDOR” e outros de cunho político e social. No gênero romance, seu melhor trabalho é “A LIDA DE CONRADO E A HONRADEZ SERTANEJA” que foi ampliado de 16 para 32 páginas pelo poeta Arievaldo Viana. Também em parceria com Arievaldo, produziu uma graphic novel em quadrinhos e cordel, intitulada “CANINDÉ, DA LENDA A REALIDADE”, em 1986.
Habitante de um dos maiores centros religiosos do Nordeste, já escreveu diversos folhetos tendo São Francisco das Chagas de Canindé como tema principal. É citado em artigos da escritora francesa Sylvie Debs, publicado nas revistas LATITUDES e QUADRANT. Também já teve a sua obra pesquisada por outra francesa, Martine Kunz, que reside atualmente em Fortaleza.
Atualmente, ministra palestras e oficinas sobre Literatura de Cordel nas escolas de Canindé. É autor, dentre outros, dos seguintes folhetos:

1 – ABC DO MOBRAL
2 – ABC DO CONSUMIDOR
3 – ABC DOS TUBARÕES
4 – APARECIDA, A MENINA PERDIDA NAS MATAS DO AMAZONAS
5 –  PROEZAS DA VAQUEIRA ROSADINA
6 – CANINDÉ, DA LENDA A REALIDADE
7 – A LIDA DE CONRADO OU A HONRADEZ SERTANEJA
8 – HISTÓRIA DO ROMEIRO DA CRUZ
9 – LULA: DE RETIRANTE A PRESIDENTE
10 – PREVISÕES ASTROLÓGICAS (OU A FACE DO PODER DIVINO), editado anualmente, desde 1999.
11 – A VIA SACRA EM CORDEL
12 – ENCONTRO DE SÃO FRANCISCO COM PADIM CIÇO DO JUAZEIRO
13 – CAPITÃO PEDRO SAMPAIO DA SERRA BRANCA (inédito).
14 – AS PERIPÉCIAS DA VAQUEIRA ROSADINA 
15 – A MORTE INGLÓRIA DE JOÃOZINHO ABOIADOR
16 – ALAN KARDEC EM CORDEL
17 – O PLANTIO DO OURO BRANCO
18 – O CAMELÔ E O TREM
19 – A PELEJA DO VIGÁRIO E DO PREFEITO POR CAUSA DA CONSTRUÇÃO DA ESTÁTUA DE SÃO FRANCISCO (inédito)
20 – O ABC DO ALGODÃO.
21 -  A VIDA DE ALLAN KARDEC EM CORDEL
22 - A GALINHA DE RERIUTABA

Fonte: www.acordacordel.blogspot.com.br


Em 2016, realizamos entrevista com o poeta para o IPHAN, material este
que se encontra preservado em áudio e vídeo.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

UM ANO SEM AZULÃO



Esta semana (dia 14/04, sexta-feira) faz um ano da partida do cantor, compositor, poeta, cordelista e repentista José João dos Santos, o famoso "Mestre Azulão", de quem tive a honra de ser amigo e admirador. Presenciei (e participei como entrevistador) de uma de suas últimas entrevistas, feitas por Fernando Assunção, na Barraca da Chiquita (Feira de São Cristóvão) para um projeto de memória do cordel realizado pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC.

Um dos ícones da cultura nordestina, Mestre Azulão, tinha 84 anos e foi um dos fundadores da Feira de São Cristóvão, que é um Centro de Tradições Nordestinas na Zona Norte do Rio.

José João dos Santos nasceu em Sapé, na Paraíba. Mas foi com o apelido de Mestre Azulão que se tornou conhecido em todo o Brasil.



ARIBU

Era o mestre Azulão quem me contava essa deliciosa anedota, com sua prosa fácil, encantadora e verve aguçada.

O 'causo' refere-se a um sujeito do brejo paraibano, chamado Ari – e por conta de ser meu xará é que ele me contou isso umas cinco ou seis vezes, morrendo de rir.

Segundo o Azulão, o  cabra era morto de preguiça e totalmente despreocupado com o futuro da prole. Pai de uma récua de filhos, passava as tardes sentado num banco de aroeira, suspenso por duas forquilhas, posto à frente do casebre de taipa, dedilhando uma viola velha e desafinada, com pretensões de cantador. Num extremo da cerca, onde haviam jogado um gato morto, baixou um urubu. Um dos pequeninos, admirados de ver um bicho daqueles assim de perto, exclamou:

— Pía, pai! Olha acolá, um ARIBU.


— Olha acolá o quê, menino?!

— Um ARIBU, pai...

O sujeito meio agastado, segurou o braço da viola bruscamente, parando a toada e, em tom professoral, explicou:


— ARI, não, meu filho! Aribu não! ARI é seu pai. A pessoa que lhe deu a vida, que lhe gerou e  lhe sustenta com tudo que há de bom e de melhor! Aquele peste acolá é um URUBU. Um bicho nojento, asqueroso, fedorento, que vive unicamente de comer carniça, de remexer nos monturos, de beliscar coisa podre, de meter o bico aonde não deve... Ari... Ari é seu pai, meu filho!

terça-feira, 11 de abril de 2017

Cordel na Bienal do Livro



Vem aí a XII BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ. Estaremos lá, mais uma vez, no ESPAÇO DO CORDEL E DO REPENTE!

Referência no calendário cultural nacional, a XII Bienal Internacional do Livro do Ceará é um grande espaço de encontros entre diversos públicos e grandes autores e convidados do Ceará, do Brasil e do mundo, promovendo a reinvenção da vida por meio da arte, do conhecimento, da palavra em seus múltiplos meios e possibilidades. Com o tema "Cada pessoa, um livro; o mundo, a biblioteca", esta nova edição da Bienal, com o renomado escritor Lira Neto assinando a coordenação da curadoria, da também integrada por Kelsen Bravos e Cleudene Aragão, é um momento de culminância da política estadual de livro, leitura, literatura e bibliotecas, de acordo com as diretrizes  de democratização do acesso à cultura e à arte, valorização da produção cearense e diálogo com o Brasil e o mundo. Sempre com grande participação popular.

PARA SABER TUDO SOBRE A BIENAL, CLIQUE AQUI: 

http://www.secult.ce.gov.br/index.php/latest-news/46106-xii-bienal-internacional-do-livro-do-ceara-anuncia-novos-convidados-e-detalha-programacao-e-espacos


Com Stélio Torquato e Carlos Vazconcelos, no Espaço do SESC.
Lançaremos este ano a biografia do poeta SANTANINHA.