terça-feira, 17 de novembro de 2015

19 de novembro de 2015


Leandro, por Fabiano Chaves (Canindé-CE)

150 anos do nascimento de  
Leandro Gomes de Barros

Biografia escrita pelo cearense Arievaldo Vianna será lançada em Natal-RN, no Sesquicentenário do mestre da Literatura de Cordel


O escritor cearense Arievaldo Vianna lançará biografia do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros na abertura na data do seu Sesquicentenário de nascimento (19/11) na capital do Rio Grande do Norte, na Árvore de Mirasol, a partir das 16 horas, no espaço onde acontecem as comemorações de Natal. O convite partiu do também escritor Nando Poeta, que coordena um evento literário no local. O autor já lançou a obra em Fortaleza, Mossoró-RN, Caxias do Sul-RS e diversas cidades da Paraíba, inclusive em Pombal-PB, berço do grande cordelista. Para o escritor paraibano Bráulio Tavares, em artigo publicado num jornal daquele estado por ocasião dos 90 anos de morte de Leandro Gomes de Barros, realizar uma biografia do poeta com as poucas informações que subsistiram à ação do tempo é a mesma coisa que catar confetes na rua um mês depois do carnaval.

Arievaldo Vianna encarou o desafio e apresenta um trabalho amparado em fotos, documentos e informações inéditas sobre a vida e obra de Leandro. Na opinião do poeta e pesquisador baiano Marco Haurélio, que assina o texto de apresentação, “trata-se da biografia do nosso mais importante poeta popular, Leandro Gomes de Barros, patriarca da literatura de cordel e autor de, pelo menos, vinte clássicos incontestáveis do gênero. Ari salda o débito que contraiu com o mestre paraibano desde que foi apresentado, na infância, pela avó Alzira de Souza Lima (1912-1994) ao grande pícaro Cancão de Fogo, espécie de Lazarillo de Tormes sertanejo, e maior criação de Leandro.”

O grande vate paraibano é autor de dois folhetos que influenciaram Ariano Suassuna na criação de sua obra mais famosa, o Auto da Compadecida. Trata-se de O Dinheiro (ou O testamento do Cachorro), de 1909 e O cavalo que defecava dinheiro. Em artigo que escreveu e publicou em 1976, Carlos Drummond de Andrade considera o poeta “Rei da poesia sertaneja” e reivindica para ele o título de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, que na verdade foi concedido a Olavo Bilac, em 1913. Esse polêmico artigo de Drummond é cuidadosamente analisado em um dos capítulos da biografia escrita por Arievaldo. Segundo o autor, foi uma pesquisa árdua e persistente, ao longo dos últimos dez anos, sem contar com apoio financeiro de qualquer espécie, apenas a colaboração de amigos que também admiram a obra do grande poeta.

Na opinião do professor Gilmar de Carvalho, respeitado estudioso da cultura popular e, em especial do Cordel, “Leandro é daquelas unanimidades a favor. Inegável que foi o grande nome do folheto e um dos sistematizadores da edição de cordéis no Brasil, com rima, métrica e folheto múltiplo de quatro páginas, com capa gráfica, no início, e com xilogravura, tempos depois. Curiosa essa passagem do violeiro para o poeta de bancada. Importante compreender como a maquinaria obsoleta para os grandes centros se interiorizava e dava lugar a jornais políticos e depois a uma atividade que movimentou a economia, que revolveu nossas camadas de memória e se fixou no imaginário social.”

Gilmar, que assina o prefácio da obra, afirma que “Leandro pode ser colocado, sem exagero, nas bases disso tudo. Não vale atribuir a ele um pioneirismo dissociado do contexto em que vivia e atuava. Ele existiu porque existiram os cantadores da Serra do Teixeira, na Paraíba, os folcloristas como Sílvio Romero, Rodrigues de Carvalho e Gustavo Barroso, os revendedores e agentes das casas editoras e os leitores ávidos pelos clássicos e pelas novidades trazidas por esta Indústria Cultural de bases assentadas na tradição popular.”

Apesar disso, reconhece Gilmar, que Leandro não tem tido o reconhecimento que lhe é devido. Temos algumas biografias tímidas, coletâneas de folhetos da Casa de Rui Barbosa, uma “Bibliografia Prévia”, de Sebastião Nunes Batista. Ultimamente, foram defendidas algumas teses nos programas de pós-graduação em Literatura e Linguística, mas tudo muito esparso, e fica cada vez mais difícil reunir tanta informação. Arievaldo não se propõe a juntar o que foi feito. Isso seria fácil nestes tempos de processadores de textos, programas de edição e de imagens e sítios virtuais. Ele foi além e buscou muitas coisas que ninguém buscara antes. Exercitou um faro de pesquisador/ detetive e foi fundo. Mostrou-se envolvido demais pelo tema. Não diria obcecado, porque é patológico e não faz jus à qualidade do que produziu.”


Arievaldo apresenta palestra em POMBAL-PB.
No painel, desenho de Jô Oliveira


Marco Haurélio, no texto de apresentação observa que “Leandro não apenas se debruça sobre a tradição oral, sobre os clássicos contados nas feiras europeias e trazidos como folhetos (sem rima e sem métrica, em forma de prosa) para o Brasil a partir de 1808, quando a imprensa torna-se possível. Ele também interfere na forma de crônica na vida do Recife ou de um Nordeste que sofria por conta das secas e tinha em Padre Cícero (cantado por ele em 1910) um mito em ascensão. Era necessário que Arievaldo pusesse um ponto final em sua pesquisa. Ela corria o risco de se confundir com sua própria vida e ser uma daquelas tarefas exaustivas, inconclusas, para as quais uma existência é pouco. Seu Leandro ganha outros matizes, perde o peso do ícone e ganha a leveza da voz. Deixa para todos nós um legado precioso. Que segue para a Paraíba e faz pouso na Popular Editora, visitada por Mário de Andrade, em 1927. Que segue nas mãos de João Martins de Athayde. Que chega a Juazeiro do Norte por meio do alagoano José Bernardo da Silva. Que é “pirateado” tantas vezes que nem dá para dizer por quem.”

O livro de 176 páginas deveria vir acompanhado de uma Antologia com as obras mais expressivas do mestre de Pombal-PB, mas, infelizmente, a dificuldade de encontrar editor interessado fez com que o autor buscasse patrocínio de entidades do movimento sindical como a Fundação Sintaf e o Sindsaúde, além do aval da editora Queima-Bucha, de Mossoró-RN. Só assim foi possível lançar uma primeira edição de apenas mil exemplares para a Bienal do Ceará. Arievaldo espera conseguir o apoio necessário para lançar a obra completa em 2015. Para tanto, já iniciou uma negociação com as Edições Demócrito Rocha.

Poeta atemporal, Leandro também se valeu da sátira para criticar os desmandos de seu tempo: a influência estrangeira em Pernambuco, Estado onde se estabeleceu. Com o chicote da sátira, vergastou os coronéis da Velha República. Pleno de graça, lançou chispas em direção ao clero, sem esquecer os novas-seitas (protestantes) e a justiça (dos tribunais). Ao mesmo tempo, exaltou os cangaceiros liderados por Antônio Silvino, criando o modelo que seria seguido pelos futuros biógrafos de Lampião no cordel: a fusão do cangaceiro nordestino com o cavaleiro andante do Medievo europeu.

Mas o livro reúne, além dos fatos relacionados à vida do poeta, raridades como fotos de familiares do poeta, documentos que esclarecem aspectos antes obscuros da biografia de Leandro. Grande parte do mérito é de Cristina Nóbrega, bisneta de Daniel, irmão de Leandro.  Merecem destaque também as entrevistas enriquecedoras, realizadas com o escritor Pedro Nunes Filho e o consagrado cordelista Paulo Nunes Batista. O primeiro é bisneto de Josefa Xavier de Farias, irmã de Adelaide (mãe de Leandro). O segundo é filho do pioneiro do cordelismo, Francisco das Chagas Batista, grande amigo do criador de Cancão de Fogo, e guarda na memória uma série de episódios interessantes que ouvia de seu irmão Pedro Werta, afilhado do biografado. É este poeta, criador de um gênero literário, estrela mais fulgurante de uma constelação, que mereceu, de Arievaldo Vianna, a pesquisa que redundou neste livro. A literatura de cordel agradece. Apenas, para não ser injusto com o biógrafo e o biografado, não direi que Arievaldo retratou com precisão o tempo de Leandro. Simplesmente porque o tempo de Leandro é a eternidade.






quinta-feira, 12 de novembro de 2015

NO QUIXERAMOBIM...


Quixeramobim-CE é o cenário de dois grandes romances da literatura cearense: 

O SERTANEJO, de José de Alencar 
e DONA GUIDINHA DO POÇOde Manuel de Oliveira Paiva. 


Canafístula Velha é a terra dos meus antepassados BARBOSA/SEVERO, família de meu avô paterno Manoel Barbosa Lima. 





CANAFÍSTULA VELHA, SÍTIO ARQUEOLÓGICO


Expedição à Canafístula Velha, com os escritores Bruno Paulino e Stélio Torquato

Nesse texto do escritor João Bosco Fernandes, presidente da AQUILETRAS - Academia Quixeramobiense de Letras, Artes e Ciências, encontramos um excelente estudo sobre as ruínas da casa onde morou Marica Lessa, a mulher que inspirou o romance DONA GUIDINHA DO POÇO, de Manuel de Oliveira de Paiva

               A 25 quilômetros da cidade, à margem direita do Rio Pirabibu, Canafístula, a Velha (em oposição à fazenda Canafístula, da família Carneiro, talvez a maior do município, um ou dois quilômetros adiante), é um dos mais importantes repositórios de reminiscências da história de Quixeramobim.
               A primeira Canafístula (chamemos assim) foi implantada no século XVIII pelo Ten. General Vicente Alves da Fonseca, que, segundo Ismael Pordeus[1] (citando"fonte autorizada"), "foi o construtor do primeiro açude público no Ceará" – "no município de Quixeramobim, pelas eras de mil setecentos e tantos". Era natural de Olinda, Pernambuco, homônimo de seu pai (o que andou gerando certa confusão), Ten. Vicente Alves da Fonseca (o pai não era General, mas Tenente), casado em 21.10.1776 com Maria Francisca do Espírito Santo. Dessa união nasceram quatro filhos (um homem e três mulheres, entre as quais Francisca Maria, que viria a ser mãe de Maria Francisca – a futura Marica Lessa).
               Francisca Maria veio a casar-se com José dos Santos Lessa, em 30 de outubro de 1792, na Matriz de Quixeramobim, e de seu consórcio tiveram quatro filhos, três homens e uma mulher, Maria Francisca, a Marica Lessa.
O General Vicente Alves da Fonseca, que era tio de José dos Santos Lessa, falecera um ano e dois meses antes: a 29 de agosto de 1791.

               José dos Santos Lessa, que herdou do pai (José Lobo dos Santos, natural do Porto, falecido em 28.07.1792) e do General, através da mulher, Francisca Maria, veio a se tornar Capitão-Mor e o homem mais rico e poderoso de Quixeramobim. Uma ideia disso: para fazer frente às tropas de Pinto Madeira, em Quixeramobim foram arrecadados 300 mil réis, entre doze pessoas do município. José Lessa entrou com um terço, 100 mil. Também foram doadas 320 reses, por 147 pessoas, das quais o Lessa entrou com 28 (a média por pessoa foi pouco mais de duas).

               Maria Francisca (a Marica) casou-se na Fazenda Canafístula, residência da família, no dia 30 de junho de 1827 (com 23 anos e 5 meses: nascera em janeiro de 1804), com o Tenente Domingos de Abreu de Vasconcelos Júnior (conforme a certidão de casamento), pernambucano, nascido em 1801, com 3 anos mais que Marica, portanto.

Igrejinha da localidade de Canafístula Velha

               Sete anos depois, a 26 de agosto de 1834, morria o Capitão-Mor José dos Santos Lessa, deixando Maria como senhora da Canafístula e das outras fazendas da família (não tenho registros dos destinos dos seus três irmãos homens, mencionados acima).
  A 20 de setembro de 1853, Marica manda assassinar o marido, Domingos Vítor de Abreu e Vasconcelos (como consta na maioria dos documentos). E começa o seu calvário, seu cálice de amargura. Acostumada a mandar e desmandar, certamente não esperava que as coisas dessem no que deram, a sua desgraça total, irreversível. Ocorre que o seu partido não estava mais no poder, e naqueles tempos a política era mais cruel do que hoje: aos derrotados aplicava-se integralmente a frase do general que derrotou os romanos: Vae victis! – Ai dos vencidos![2] Os que pertenciam, ou simpatizavam, com os vencidos, eram todos defenestrados do poder, voavam dos cargos implacavelmente. E Marica, cegada pela maior embriaguez do mundo, chamada paixão, não avaliou isso como devia. Aposto que não esperava nem ser presa. E não somente foi para as grades (no prédio histórico da Câmara Municipal de Quixeramobim), ao lado da igreja Matriz, como também condenada: inicialmente, a 30 anos. Depois, no julgamento do recurso, parece que a pena foi acrescida, em vez de reduzida. Naqueles velhos tempos, mulher que mandava matar o marido não merecia dó, piedade ou compaixão. Mais do que hoje.

               A Canafístula, sua principal  fazenda, foi vendida, como todas as outras (eram várias). E apostamos, sem medo de errar: entrou tudo no ralo, ou poço sem fundo, dos advogados, essa classe de cidadãos honradíssimos (com poucas exceções), incapazes de uma mentirinha qualquer, ou de não declarar a um cliente: não vou aceitar a sua causa, porque está visivelmente perdida, e não quero o seu dinheiro a troco de nada.
Como sabem até as galinhas, em Quixeramobim, Marica morreu na miséria, mendigando nas ruas de Fortaleza, e retornando no fim do dia para a cadeia, de onde não quis mais sair, concluída a pena.

               Na virada do século XX, a Canafístula (ou boa parte dela) era propriedade do Coronel Lulu – José Luís Alves Teixeira, que, segundo memórias de seus descendentes, na seca do 15 (1915), perdeu 600 reses.

               No momento, ainda não sei de quem ele adquiriu a propriedade, se da Marica, diretamente. Espero ter tempo e disposição para consultar os cartórios, para uma resposta documentada. Mas conheci uma escritura de 1904, do inventário de seu primeiro casamento, indicando que seria o proprietário havia muitos anos.

               Um pequeno registro, para se dar uma ideia de quanto os tempos mudaram. Quando Damião Carneiro, em 1925, adquiriu uma pequena propriedade (apenas 200 hectares, um nada, diante das terras da Marica, e depois, do Coronel Lulu), vizinha à Canafístula (na época só existia uma), denominou-a – também – de 'Canafístula'.[3] Dona Cotinha, filha do Coronel Lulu, mãe do Luís Almeida e de Dona Sinharinha (esta, mãe do Alfredo e do Dr. Antônio Machado, avó do Ricardo Machado, do Sérgio Machado, do Celso e da Maria Teresa), mulher de muitos brios, temperamento forte, mandou um recado ao Damião: que ele arranjasse outro nome para sua propriedade, pois 'Canafístula' era a do seu pai, Coronel Lulu. Damião obviamente não obedeceu, tanto que aí está a "Canafístula dos Carneiros", como chamam na região. Ironicamente, hoje, quando se fala em 'Canafístula', em Quixeramobim, a ideia que vem é a dos Carneiros. Muitos, principalmente os jovens, nem sabem da existência da Canafístula Velha.

               Entre os descendentes do Coronel Lulu, temos cinco prefeitos de Quixeramobim: Luís Almeida (neto), Manuel Martins de Almeida (neto), Alfredo de Almeida Machado (bisneto), Osvaldo Martins de Almeida (bisneto) e Antônio de Almeida Machado (bisneto).

Entretanto, com uma verdadeira multidão de filhos, de dois casamentos, seu latifúndio foi dividido como bolo em festa de pobre, uma tripinha para cada um, não restando nenhum deles rico, à custa da herança.

               Uma filha dele, minha 'meia-sogra' (mãe de criação de minha esposa), Maria do Carmo Teixeira, um dos últimos descendentes do Coronel, era conhecida por Deus e todo mundo em Quixeramobim, como 'Tia-Carmelinda'. Uma alma santa, que faleceu em minha casa.

               Quanto à casa-grande do Capitão-Mor José dos Santos Lessa, e da mal fadada Marica, possivelmente uma das maiores e melhores do município, dado o poderio – econômico, político e social – de seus donos, levou a breca. Certamente abandonada por muitos anos, com Marica no inferno da prisão, deve ter-se deteriorado progressiva e implacavelmente. O Coronel Lulu já não a usou (sabemos exatamente onde este morava – sua casa hoje está dividida em outras menores).

               Com o romance de Oliveira Paiva, Dona Guidinha do Poço, um dos melhores da literatura brasileira (nada a dever a Machado de Assis ou Graciliano Ramos), Marica ganhou fama mundo afora. E os que foram à Canafístula, conhecer os despojos de sua casa-grande, se encarregaram de apoderar-se dos vestígios lá existentes até umas décadas atrás. Nos anos 70 lá encontrei restos de louça importada. Hoje, nem mais um caco. Para não se dizer que nada restou, lá estão pedaços dos tijolos, que um dia pertenceram à alvenaria (acho que mesmo os tijolos inteiros, que existiam até poucos dias, já carregaram). Verdadeira lástima, esse mau hábito de apropriar-se dos objetos de sítios históricos não protegidos, e levar como lembrança. Apenas um restinho de alvenaria: um tanque, de pedra, tomado pela mata. Mais adiante – uns cem a duzentos metros – do local da casa-grande, o cemitério, que, segundo a tradição (e o conhecimento da cultura da época) era usado para sepultar os escravos. Os 'brancos' eram sepultados na Matriz de Quixeramobim, 'grades acima' (os ricos) ou 'grades abaixo' (os defuntos de pouca ou nenhuma categoria)... Hoje o Campo Santo está murado e com muitos túmulos modernos, da comunidade da atual Canafístula Velha. Na época, teria  certamente uma cerca qualquer, e no interior o símbolo universal do cristianismo, cruzinhas de madeira.

               Quem sabe, no futuro, pelo que percebemos, arqueólogos vão escarafunchar o local da casa-grande, à procura dos alicerces, como insinuou o Seu Darlô, que nem mesmo tem conhecimento de sua função – vigilante, por acaso, e solitário, dos despojos de Marica Lessa. E que nem vai ler esta crônica, por absoluta impossibilidade, mesmo que eu lhe entregue uma cópia  – como pretendo fazer. É que as letras lhe parecem coisinhas estranhas, tal-qualmente as viam os escravos da Marica. E, também é possível, a ela própria.

               Parece uma maldição: até os despojos da mulher estão a virar pó, quase não resta mais pedra sobre pedra. Com exceção do tanquezinho, que teima em sobreviver. Até quando os visitantes resolverem demoli-lo também, para carregar como despojos, ou lembranças, ou souvenirs, ou... pura estupidez.

João Bosco Fernandes Mendes

Presidente da AQUILETRAS,

Academia Quixeramobiense de Letras, Ciências e Artes



[1] À Margem de Dona Guidinha do Poço [2004], p. 134. Essa obra foi a principal fonte deste trabalho.
[2] Foi feito um acordo para os romanos pagarem determinado peso de ouro. Ao se fazer a pesagem, e os dois pratos da balança se igualarem, o general vencedor jogou a sua enorme espada no prato dos pesos. Ante o protesto dos romanos, ele pronunciou a famosa frase: Ai dos vencidos!
[3] Armando Falcão, no pequeno opúsculo "Damião Carneiro, o Bandeirante do Sertão Central", afirma que Damião "adquiriu a fazenda Canafístula, de quem fora proprietária, em passado distante, Dona Marica Lessa". Enganou-se, o ministro da Ditadura. Os 200 hectares que ele adquiriu naquele momento andavam longe de representar o mundão de terras de Marica. Uma nesga, diante do latifúndio dela, e não se chamava 'Canafístula'.



Mostrando um tijolo da antiga casa de D. Guidinha,
que, diga-se de passagem, foi deixado lá mesmo, no local.




terça-feira, 10 de novembro de 2015

EM ÁGUA NOVA, RN



Vem aí a 4ª Feira Literária do município de Água Nova-RN, do projeto "Contágio pela Leitura", coordenada pela professora Sédima França. Já estive numa das edições deste evento, ao lado do poeta Antônio Francisco e tive a melhor impressão tanto do público, quanto das pessoas envolvidas na organização. É uma feira que vem se firmando a cada ano e que tem contribuído bastante para formação de novos leitores nos sertões potiguares. Parabéns! O evento ocorrerá dias 03 e 04 de dezembro deste ano e meu amigo Antônio Francisco está novamente entre os convidados.

Antônio Francisco e Arievaldo Vianna, a caminho de Água Nova-RN
Foto de Autemar Vianna

Foto publicada no site www.aguanovanews.com, em 2013


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

PALESTRA NA UFC


XII ENCONTRO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS LITERÁRIOS

O escritor Arievaldo Vianna, autor da biografia de Leandro Gomes de Barros, esteve hoje no auditório Rachel de Queiróz, da UFC, apresentando a palestra "Leandro Gomes de Barros - Pai da Literatura de Cordel" numa mesa-redonda intitulada "Literatura popular e regional como instrumento didático: Língua e Cultura", a convite da professora Dra. Ana Márcia Alves Siqueira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras, da UFC.
Nessa palestra, dentre outras coisas, Arievaldo falou da importância de Leandro para a nova geração de poetas cordelistas, da célebre crônica de Carlos Drummond de Andrade, na qual o poeta de Itabira reivindica para Leandro o título de PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS e também da influência de duas obras de Leandro na peça mais famosa de Ariano Suassuna, O AUTO DA COMPADECIDA e na obra de outros escritores consagrados.
Participaram também desta mesa-redonda, os professores Humberto Hermenegildo de Araújo (UFRN) e Josivaldo Custódio da Silva (UPE).
A mediação foi da professora Maria Ana Cláudia, da UFC.