quarta-feira, 5 de novembro de 2014

CAVALARIA EM CORDEL



MEU CORDEL DE CARLOS MAGNO

De todos os temas versados pela Literatura de Cordel, os folhetos de cavalaria estão entre os que mais me fascinam. Quando menino, eu gostava de ouvir meu pai declamar trechos e mais trechos de "A BATALHA DE OLIVEIROS COM FERRABRÁS", do grande Leandro Gomes de Barros. Recentemente, lendo um conto de Alexandre Dumas (Pai) encontrei assunto para mais um cordel de CAVALARIA, do qual publico a introdução:



O SONHO MISTERIOSO
DO IMPERADOR CARLOS MAGNO
Autor: Arievaldo Vianna


Dos romances que eu li
Nos meus tempos de criança
Existe uma bela história
Que não me sai da lembrança
“A vida de Carlos Magno
E os Doze Pares de França”.

Viveu na Idade Média
Esse grande imperador:
França, Alemanha e Itália
Reconhecem o seu valor;
Inspira gestas guerreiras
Na lira do trovador.

“Eram doze cavaleiros
Homens fortes, destemidos”
A sua guarda de elite
Como se lê nos “Corridos”
E nos “Cordéis” que propagam
Seus feitos mais conhecidos.

Nos sertões do meu Brasil
Inspirou as cavalhadas
De Mouros contra Cristãos
Velhas lendas repassadas
De beleza e misticismo
Como nos Contos de Fadas.

Pretendo citar agora
Alguns de seus cavaleiros
Todos eles destemidos
E valorosos guerreiros
Dos quais destaco Roldão
E o corajoso Oliveiros.

Rolando e Olivier
Chegaram aos nossos sertões
Vindos da Península Ibérica
Nos folhetos e canções
Que os colonizadores
Declamavam nos serões.

Muitos bardos nordestinos
Sentiram-se fascinados
Por esta saga guerreira
E por serem inspirados
Contaram tudo a seu modo
Em belos versos rimados.

Leandro Gomes de Barros
Poeta muito capaz
Transpôs pro mundo das rimas
De um modo que satisfaz
“A Batalha de Oliveiros
Com o turco Ferrabrás”.

João Melchíades também
Nesse mesmo bebedouro
Procurando inspiração
Achou ali um tesouro
E versou, com muita ação,
“Roldão no Leão de Ouro”.

E nem em tempo vindouro
Eles serão esquecidos...
Leandro porque foi mestre
De méritos reconhecidos;
Melchíades, por Zé Garcia
De feitos tão conhecidos.

Eu venho da mesma cepa
Sou poeta e trovador
Pretendo contar em versos
Como fiel narrador
O sonho misterioso
Que teve o imperador.

O conto maravilhoso
Da memória não me sai
Desde que o conheci
Sua beleza me atrai;
É o seu autor, em prosa,
Alexandre Dumas, pai.

É o autor consagrado
De “O Conde de Monte Cristo”
Seguindo, pois, esta fonte,
Da empreita não desisto
E traço um roteiro em versos
Conforme estava previsto.

No tempo em que Carlos Magno
Consolidou seu império
À noite, no seu palácio,
Deu-se um caso muito sério
Teve um sonho atribulado
Encoberto de mistério.

(...)


PEDIDOS: acordacordel@hotmail.com

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