segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ILUSTRAÇÕES

Ilustrações de Arievaldo Viana - livros diversos


A lagartixa de ouro

 O besouro

 Diabinho da garrafa
 Luiz Gonzaga


Papa-figo

Nos campos da poesia (livro de Luiz Campos)



quarta-feira, 20 de agosto de 2014

LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO



Agosto, mês do FOLCLORE, é grande o número de visitas no blog ACORDA CORDEL (www.acordacordel.blogspot.com.br), sobretudo de professores e estudantes querendo pesquisar sobre Lendas Brasileiras em Cordel. Eis aqui mais um trabalho que fiz em parceria com JÔ OLIVEIRA. O livreto LENDAS FOLCLÓRICAS EM CORDEL, onde narro em cordel as lendas da MÃE DO OURO, CURUPIRA, BOTO COR-DE-ROSA e A MULA SEM CABEÇA. O trabalho foi feito por encomenda dos CORREIOS que lançou quatro selos de Jô Oliveira referentes à essas lendas do povo brasileiro. A seguir, trechos da LENDA DO CURUPIRA:



A LENDA DO CURUPIRA EM CORDEL

Autor: Arievaldo Viana – Desenhos: Jô Oliveira




1 - A poesia é um dom

Que a musa divina inspira

É a pepita que ofusca

O cascalho da mentira

Peço ajuda ao universo

Para narrar, no meu verso,

A lenda do Curupira.


2 - Tem os cabelos vermelhos

Dentes de rara beleza

Verdes como a esmeralda

Luz de vagalume acesa

Não gosta de caçador

É o gênio protetor

Das coisas da Natureza.

3 - Diz a lenda que um índio

Um dia, por distração,

Adormeceu na floresta

E acordou de supetão

Na sua frente sorria

O Curupira e queria

Comer o seu coração.


4 - O caçador já matara

Ali alguns animais

Então concebeu um plano

Astucioso e sagaz

Um coração lhe arranjou

O Curupira provou

E sorriu, pedindo mais.


5 - Um coração de macaco

O caçador lhe entregou

O Curupira comeu

O coração e gostou,

O caçador respondeu:

- Agora me dê o seu;

Que o meu você devorou...


6 - O Curupira inocente

Agiu com todo respeito

Pediu a faca do índio

E cravou no próprio peito

Depois ficou estirado

E o caçador assombrado

Saiu depressa, sem jeito.


7 - Por muito tempo o tal índio

Não queria mais caçar

Por mais que os seus amigos

Viessem lhe convidar

Ele inventava desculpa

No peito trazia a culpa

Medo, tristeza e pesar.


8 - A filha do caçador

Pediu a ele um colar

O índio, pai devotado,

Resolveu ir procurar

Os dentes do Curupira

Brilhantes como safira

Para a filhinha enfeitar.


9 - Achou o crânio do gênio

E ali mesmo procurou

Bater com ele na pedra

Mas logo que o tocou

De uma maneira funesta

O espírito da floresta

Depressa ressuscitou.


10 - O Curupira entendeu

Que ele fosse o responsável

Por sua ressurreição

E de modo muito amável

Deu-lhe um arco pra caçada

E uma flecha encantada

De valor inestimável.



(...)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

GRANDE SERTÃO: VEREDAS



Sou um eterno apaixonado pelas coisas do sertão... Mas não é qualquer "sertão". Um recanto em particular me causa grande fascínio pela sua magia, retratos de uma infância feliz que ficaram retidos na memória. Rastros de luz que se fixaram de forma indelével nas lamparinas do juízo. O texto a seguir faz parte do livro SERTÃO EM DESENCANTO:

Sou, antes de tudo, um poeta matuto, inserido, a contragosto, num ambiente urbano, que teima em preservar as suas origens como forma de sobrevivência, de preservação da sua identidade cultural. Nem por isso sou dado à xenofobia e procuro absorver também outras culturas, palmilhar outros “sertões”, voar por outras latitudes, sem perder as minhas referências da infância e do ambiente onde fui criado. Daí ter dado preferência aos textos em Cordel, a expressão mais genuína da literatura nordestina e porque não dizer, do Brasil. Isso não quer dizer que eu não goste de escrever em prosa, técnica que também domino, num estilo, digamos, um tanto pessoal. É o que pretendo realizar neste novo projeto (a postagem é de 2014 e o livro Sertão em desencanto foi publicado no ano passado - 2016), debulhar fragmentos das minhas memórias em prosa e verso, como uma modesta contribuição para as gerações futuras. 




Neste último final de semana, estive revendo velhas paisagens, serranias, morros e várzeas tostados pela seca, o vigor do juazeiro se sobressaindo na caatinga e desafiando a inclemência do sol. Seguem alguns versos que fiz inspirado neste cenário de luz...



O MARCO CIBERNÉTICO
DO REINO DOS TRÊS MONÓLITOS
Autor:  Arievaldo Viana

Nos  sertões do Ceará
Há mais de cinco milênios
Havia um reino imponente
Obra de fadas e gênios
Com três castelos vistosos
Quais luminosos procênios.

Nesse tempo tão distante
O índio selvagem, inculto,
Que habitava essas terras
Um dia avistou um vulto
De uma grande espaçonave
Conduzindo um povo culto.

Vinha de outra galáxia
Aquela grande astronave
Pousou em nosso planeta
A fim de trazer a chave
De grandes conhecimentos
Mas padeceu um entrave.

Os índios ficaram atônitos
Com a súbita aparição
Pois julgavam que Tupã
Vinha no grande clarão
Na sua rude linguagem
Buscavam uma explicação.

Vinham naquela missão
Engenheiros, cientistas,
Sacerdotes, artesãos,
Astrólogos e alquimistas
Matemáticos e geólogos
Poetas e repentistas.

Olhando o povo atrasado
Que habitava o lugar
Com muito zelo e cuidado
Quiseram os ensinar
Mas aquela raça inculta
Nada pôde assimilar.

Exilados neste mundo
Sua tecnologia
Mostrou-se pouco eficaz
E recorreram à magia
Para encantar os três reinos
Que aqui fundaram um dia.

Cristalizaram os castelos
Com tudo que existia
Uma camada de rocha
Fruto de grande magia
A sua esplêndida aparência
Ocultava e revestia.

Três monólitos de pedra
De assombrosa semelhança
Ocultaram os três castelos
Dos quais só resta a lembrança
No verso dos trovadores

Do reino da Esperança.

(...)



Clique nas fotos para ampliar

SOBRE A SERRA DOS TRÊS IRMÃOS, 
É OPORTUNO ACRESCENTAR:

Dom Antônio de Almeida Lustosa, em seu livro Notas a lápis visitando a capela da Caiçarinha, que ficava na divisa dos municípios de Canindé e Quixadá (hoje pertence a Choró Limão), traz algumas informações sobre os serrotes Três Irmãos. Um fato curioso é anotado pelo arcebispo em visita pastoral em fins da década de 1940. A capela e a povoação ficavam no lado de Canindé, mas o cemitério ficava no território de Quixadá e os cidadãos daquela localidade passavam a “morar” no outro município depois que morriam. Ele fala também de um cruzeiro erguido na fronteira, em 1918, para comemorar o centenário de criação da Paróquia de São Francisco das Chagas de Canindé, ocorrida em 1817.
Deixando a Caiçarinha, Dom Lustosa passou pela ladeira do Pitanguá e pelos Três Irmãos, que naquela época, segundo atesta o arcebispo, ficava na divisa de quatro paróquias: Canindé, Madalena, Quixeramobim e Quixadá. Os velhos monólitos impressionaram o religioso: “Diante dos nossos olhos aparece a Serra dos Três Irmãos. É-nos preciso subir agora uma forte ladeira – do Pitanguá. Os Três Irmãos são três cabeços de serra bem próximos e semelhantes. Parecem as ameias de um castelo de gigantes. Podem ser vistos de longe e não se confundem com outras serras. Por isso servem de baliza até para aviadores. Ao passarmos ao pé dos Três Irmãos, nos informam que ali há petróleo... e que as chuvas sempre dão preferência aos Três Irmãos.”
Se há realmente petróleo não se sabe, mas na década de 1970 houve grande movimentação de geólogos e outros técnicos na ladeira da Esperança e Três Irmãos. Próximo a região, a oeste, fica a jazida de urânio de Itataia, na divisa de Itatira com Santa Quitéria.
Ao sul, não muito distante dos Três Irmãos, fica a Serrinha do Teixeira, onde supostamente ocorreu um teste nuclear clandestino no dia 06 de agosto de 1957, fato já noticiado na imprensa através de denúncias feitas pelo padre Ricardo (Richard Cornwall), sacerdote norte-americano que foi vigário de Madalena. A incidência de casos de câncer naquela região é algo espantoso, pois a área em redor já era densamente povoada quando aconteceu este fato. As pessoas mais velhas ainda guardam na memória esse episódio que teria iniciado com uma explosão seguida de forte clarão. Muitos pensavam que era o fim do mundo e desandaram a rezar. De fato precisavam mesmo da proteção divina.

(In Sertão em desencanto - Arievaldo Vianna)

POST SCRIPITUM

CENAS DO SERTÃO DE HOJE EM DIA
(Na minha opinião está cada vez melhor)

Fotos: Autemar Vianna


Casa construída pelo nosso bisavô Olympio Vianna, em 1925. 
Aqui nasceu o tio José Bruno Vianna


Roçado do Ti Liu, tendo ao fundo a Serra da Cacimba Nova



Seu Luiz, comi seu milho. Agora, peado de pé e mão, não como mais.


Luiz Gonzaga Viana - Ti Liu, um HERÓI SERTANEJO, viu?




quarta-feira, 6 de agosto de 2014

IMAGENS DA FLIPINHA 2014



Estivemos na FLIP Paraty 2014, no período de 31/07 a 03/08. Participamos de 4 atividades: Visita a Escola CASA DAS CRIANÇAS, de Patitiba; Encontro com o autor, na Biblioteca da Flipinha; Bate-papo na tenda dos autores, com o poeta Fábio Sombra e o professor Amaury e, finalmente, mesa de encerramento em homenagem a Millôr Fernandes, com todos os autores convidados. Uma viagem marcante e muito divertida.

Confiram as fotos:

 Professores da Casa da Criança de Patitiba recebem kit do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula

Declamando "O COELHO E O JABUTI", Editora Globo.

Com o mestre JAGUAR, um dos fundadores do PASQUIM

Com a ilustradora Luciana Grether

Com Mário Bagg e Rosana Rios

Macambira & Querindina, cordelistas paraibanos presentes na FLIP

Mesão dos autores em homenagem a Millôr Fernandes