sexta-feira, 2 de maio de 2014

AS ORELHAS DO BATISTA



Meu dileto amigo e parceiro JOTA BATISTA incumbiu-me da tarefa de escrever um par de orelhas para seu livro de estréia... A coisa se arrastou por meses e parece ter sido proposital, pois eu estava gostando das cobranças espirituosas e bem humoradas do nosso escritor. Depois de um ultimato, dado neste PRIMEIRO DE MAIO, eu não quis passar por preguiçoso no DIA DO TRABALHADOR e resolvi escrever as linhas que se seguem:


Dizia-se antigamente, quando a coisa era rara de se ver, que era “mais difícil que orelha de freira!” O multi-artista canindeense João Batista Azevedo dos Santos, o popularíssimo Jota Batista, incumbiu-me de escrever as orelhas de seu livro de estréia e a empreitada acabou se tornando mais difícil que o apêndice auricular de uma Carmelita descalça. Jota Batista, com a paciência de um monge do Tibete não se deixou abater e esperou pacientemente pela encomenda. Ficou com trauma de feijoada, só para não ter que degustar as tais orelhas de porco e por conta disso abdicou também da cachaça... Em matéria de poesia, fez barba, cabelo e bigode, mas ficaram faltando as tais orelhas, encomendadas ao escriba que vos fala e relata.
Se anda pela rua distraído, com seu inseparável violão a tira-colo ou mesmo conduzindo os originais de seu livro, Jota Batista procura evitar aquelas esquinas onde ainda persistem os indefectíveis orelhões das companhias telefônicas. E se alguém, ao referir-se maldosamente a um colega, o chama de “minha orelha”, o Jota fatalmente recorda a sua encomenda retardatária e procura mudar de assunto.
Quando algum animal perde a cauda, costuma-se dizer que ficou cotó. Se perde uma orelha, fica tronxo e assim por diante. Para o livro do meu colega não apresentar esse grave defeito, debrucei-me sobre o teclado do computador nesta tarde-noite de primeiro de maio, dia consagrado ao trabalhador, para mostrar que não sou tão preguiçoso como alguém poderia imaginar e que, em matéria de orelhas alheias, eu puxo e repuxo, tal e qual a cantiga da lagarta pintada.
Tenho pra mim que a essa altura do campeonato, as orelhas do amigo Jota Batista já estão vermelhas e ardendo, de tanto que tenho falado em seu nome, sem contudo alongar-me sobre a obra em questão, motivo real da confecção deste par de orelhas. Trata-se de um livro onde ele destila todo o seu apurado bom humor e fina ironia, tratando dos mais variados assuntos. Garanto que todos que tiverem acesso a este livro irão lê-lo de cabo a rabo, passando evidentemente pelas orelhas, porque a leitura é por demais saborosa.

Vou parando por aqui porque acabo de me lembrar que sobrou um resto da feijoada do almoço e provavelmente ainda está boiando por lá alguma orelha, tira-gosto mais que apetecível num feriado como este. Deleitem-se, portanto, com o livro do Jota Batista, que agora não está mais tronxo.

Arievaldo Viana

Um comentário:

  1. Fez ontem, após um "log",
    seu autor, cabra "bacano"
    É orelha, não de abano
    nem também de algum Van Gogh
    Portanto, praga não rogue
    Mas comemore essa peta
    Tal qual geladeira preta
    Não seja assim seu volume
    O diagramador assume
    investe até a lambreta.

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